sexta-feira, 24 de junho de 2011

Desafios e Horizontes da Filosofia

“Julgamos ser coisa simples pensar na vida. Muitas vezes, ficamos a pensar no que nos tem acontecido, revemos os nossos actos, fazemos planos para o futuro. Imaginamos um outro caminho, que poderíamos ter seguido, imaginamos o que gostaríamos que nos acontecesse no futuro. E julgamos com isto que pensamos na vida. Pensar na vida, no entanto, não é assim tão simples. Nascemos, crescemos, aprendemos a andar. Andamos por ruas, andamos por estradas, andamos por caminhos, andamos por picadas, andamos por florestas abrindo trilhas. E ficamos com a ideia que a vida é como uma estrada por onde passamos, por onde os outros já passaram e por onde outros passarão. E aí está porque somos incapazes de pensar convenientemente a vida. Martin Heidegger propôs que, para pensarmos a nossa existência, nos imaginássemos a despertar no meio de uma floresta sem qualquer estrada ou caminho. A existência de cada um é floresta onde jamais um caminho foi aberto. Cada um de nós tem de abrir o seu caminho, cada um de nós tem de abrir a sua própria estrada. Com esta imagem, Heidegger procura mostrar que o fundamental para pensar a existência é não a pensar como uma estrada que já está preparada e a qual é suficiente percorrer. Não, os caminhos não estão preparados e na verdade, não existem estradas e não existem caminhos. Existe o ser humano que se desenvolve no tempo. Para o ser humano, do ponto de vista da sua vida, de facto, nem as ruas por onde caminhamos são sempre as mesmas. Na perspectiva de duração interior que é o nosso existir no tempo, que é o nosso existir histórico, tudo é novo(…)”

Prado de Mendonça, “ O mundo precisa de Filosofia” Rio de Janeiro

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